terça-feira, 12 de outubro de 2010

Não é o aborto, é o pré-sal!

por Carmélio Reynaldo Ferreira

 É incrível como tanta gente esclarecida ainda se deixa pautar pela velha


e conservadora imprensa brasileira! Agora mesmo, o assunto que toma

conta da campanha da candidata do PT é o aborto. Ora, apesar da importância do tema, desde quando inventaram os debates

televisivos entre políticos que ele é usado para colocar o oponente na

defensiva. É um assunto complexo, envolve aspectos como respeito à vida,

convicções religiosas, saúde... Ou seja, exige explicações e argumentos que não

cabem no tempo cronometrado de uma réplica.Estimulando essa polêmica ao apregoar que o voto religioso contrário ao

aborto impediu o PT de vencer no primeiro turno, a mídia evita o assunto que

deveria dominar discursos e discussões neste momento: o destino da riqueza do

pré-sal. Nesta eleição, o que vamos decidir é o que a nação fará com essa

riqueza que, graças a um conjunto de fatores geológicos e políticos (imagine se

a descoberta tivesse acontecido no governo FHC ou se Lula não tivesse sido

reeleito em 2006) colocou nas mãos dos brasileiros. Temos, de um lado, a candidata Dilma Rousseff, cuja trajetória no

Governo Lula está ligada a essa fantástica descoberta (na qualidade de Ministra

de Minas e Energia), e com a decisão de usar os recursos oriundos do pré-sal em

benefício do povo brasileiro (no cargo de Ministra-Chefe Casa Civil).Do lado oposto se oferece um candidato que ocupa a alta hierarquia de

um partido que, no governo, se empenhou em privatizar as riquezas da nação, num

processo que consistia das etapas de sucatear, desmoralizar e vender. A

Petrobras escapou por pouco, talvez porque os oito anos de FHC não tenham sido

suficientes para dar cabo à sua grandeza e eficiência. Mas não vamos esquecer

que naquele governo do qual Serra foi Ministro do Planejamento e da Saúde

tentou-se descaracterizá-la, mudando o nome para Petrobrax, e a P 36, uma das

maiores plataformas de produção de petróleo do mundo, afundou no litoral do Rio

de Janeiro por falta de manutenção adequada, levando em seus tanques 1.500

toneladas de óleo bruto e um prejuízo de mais de 350 milhões de dólares para a

empresa. Esse mesmo candidato é apoiado por uma coalizão (PSDB, DEM e PPS) que,

no congresso nacional, se empenha em dificultar a regulamentação da exploração

do pré-sal, tentando impor regras que prejudicam a Petrobras. Mais do que pretender tirar de Dilma Rousseff os votos dos mais

religiosos, a colocação do tema aborto na pauta política serve para ocultar a

questão mais importante em jogo nesta eleição: quem se beneficiará com o

pré-sal? O povo brasileiro ou meia dúzia de empresas privadas sem

comprometimento com os interesses da nação.

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