terça-feira, 30 de outubro de 2012

Jornal Brasil de Fato repercute atentado contra liderança da Conticom-CUT



30/10/2012

Webergton Sudário (Corumbá) teve o carro alvejado por vários disparos após denunciar irregularidades de grandes empresas e de sindicatos na região de Três Lagoas-MS

Escrito por: Leonardo Severo

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Jornal denuncia tentativa de assassinato de sindicalista cutista
Jornal denuncia tentativa de assassinato de sindicalista cutista
UMA LIDERANÇA do movimento social presencia a repressão de policiais militares a manifestantes em greve. Denuncia as péssimas condições de trabalho dentro das obras da “maior fábrica de celulose do mundo”, a Eldorado Brasil, financiada com R$ 2,7 bilhões do BNDES, repleta de empresas terceirizadas e Pessoas Jurídicas que inviabilizam que o trabalhador corra atrás dos seus direitos. Recebe ameaças de morte. Recados de patrões e pseudo-sindicalistas, a seu soldo, para que tire, imediatamente, o pé do acelerador e mergulhe no pântano dos que traem a classe, e passem a vender ou alugar sua consciência. E deixe de ver a imundície que cobre muitos alojamentos. E deixe de sentir o odor que exala da água trazida no mesmo caminhão-pipa que transporta urina e fezes. E pare de fazer de sua voz uma tribuna contra os sucessivos desmandos. A recusa ao silêncio é costumeiramente respondida à bala.
E assim o script se repetiu na noite da quinta-feira (18) no município de Três Lagoas, no interior do Mato Grosso do Sul, na saída do alojamento  “Fazendinha” da Eldorado Brasil. Um veículo se aproxima e encosta no carro do presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção, Mobiliário e Montagem Industrial do Mato Grosso do Sul (Fetricom), Webergton Sudário (Corumbá). Saem os tiros. São de uma arma calibre 40, privativa das Forças Armadas, capaz de romper qualquer blindagem. Os disparos - três na porta do carro e um na região superior em direção à cabeça – não acertaram o dirigente, que, ileso, conseguiu escapar rumo a um matagal e sobreviver para contar a história, narrada à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac).
Corumbá tem sido um dirigente incansável no processo de combate à terceirização e à precarização que infestam os canteiros de obra da região, bem como foi peça chave na denúncia sobre corrupção e irregularidades que resultou em várias prisões, e inclusive na intervenção do Ministério Público em sete sindicatos do Estado, incluindo os dois de Três Lagoas ligados à Força Sindical.
O dirigente estava no município juntamente com Valdemir Oliveira (Popó), da executiva da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom/CUT), para uma reunião com integrantes da chapa de oposição no Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Leve de Três Lagoas.
“Não é segredo para ninguém que vivemos sob ameaça constante tanto por parte das empresas como de falsos sindicalistas. O companheiro Paulo Roberto de Paula, liderança operária de Três Lagoas, chegou até mesmo a enviar recentemente uma carta à presidenta Dilma onde denunciou inúmeros crimes praticados pela empresa Montcalm Montagem Industrial, terceirizada da Eldorado Brasil. E Paulo foi além, lembrando a ameaça que ouviu sussurrada: ‘Batendo de frente com a empresa você está pedindo uma bala na cabeça. Quer morrer?’. Infelizmente este é o clima de terror imprimido, onde a impunidade acaba alimentando a violência”, declarou Corumbá, que também é diretor da Conticom/CUT. A situação é tão caótica, lembra o sindicalista, que para enfraquecer movimentos reivindicatórios as empresas chegam até mesmo a cortar a alimentação e a manter operários sob o regime de cárcere privado. “Precisamos que o Estado tenha uma presença maior, uma fiscalização mais ágil e também mais dura”, defende.
Entre tantos abusos, Corumbá lembra os casos dos “cipeiros” (membros da comissão interna de prevenção de acidentes) Luiz Carlos de Barros Sales e José da Conceição dos Santos, umariamente demitidos da Paranasa Engenharia - outra subcontratada da Eldorado - após serem acusados de “liderar movimento grevista”. Além de serem intimados
pelo juiz, foram ameaçados por forte aparato policial a pagarem multa diária de dois mil reais caso se aproximassem dos canteiros. “A polícia existe para proteger os cidadãos, não para resguardar os mesquinhos interesses das empresas que desrespeitam a lei. Infelizmente, este é o clima da cidade. É contra isso que nos insurgimos”, declarou.
A CUT e a Conticom já acionaram a Secretaria-Geral da Presidência da República, a Polícia Federal, e a Secretaria Estadual de Segurança Pública para garantir a segurança do sindicalista bem como a apuração imediata do crime.

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