terça-feira, 19 de julho de 2011

Campanha - Lembrando as vítimas da Ditadura

CUT-PB lança campanha pelas vítimas da Ditadura no Brasil

A Central Única dos Trabalhadores na Paraíba (CUT-PB) inicia, a partir desta data, sua campanha para não deixar que o Brasil e a Paraíba se esqueçam das vítimas da Ditadura.

Através do secretário de Meio Ambiente da CUT-PB, Edvan Silva, responsável por coletar as informações na mídia, estaremos colocando o relato de vida das vítimas da Ditadura no Brasil. São trabalhadores e lutadores vindos inclusive da Paraíba que tiveram suas vidas ceifadas por lutar pela democracia e pela liberdade do nosso país.

A CUT-PB estará divulgando em seu blog (www.cutparaiba.blogspot.com) e nas mídias sociais (facebook e twitter - @cutparaiba) as informações sobre vida e morte destes heróicos personagens.

O primeiro a ser lembrado pela CUT-PB é o cearense José Mendes de Sá Roriz, desaparecido em 1973.

JOSÉ MENDES DE SÁ RORIZ (1927–1973)
Filiação: Leonina Mendes de Sá e Belarmino de Sá Roriz
Data e local de nascimento: 30/12/1927, Crato (CE)
Organização política ou atividade:RAN
Data e local da morte: 17/02/1973, Rio de Janeiro (RJ)
Cearense do Crato, Sá Roriz, aos 15 anos de idade, conseguiu falsificar sua própria idade para se engajar na 9ª Companhia de Fuzileiros Navais, lutando na II Guerra Mundial. Sob o comando do marechal Cordeiro de Farias lutou contra o nazi-fascismo no campo de batalha europeu. Foi ferido na guerra e perdeu a vista de um olho. Recebeu inúmeras condecorações e foi reformado como 2º Sargento em 1956. Tornou-se uma liderança dentre os ex-combatentes e sargentos.
No pós-guerra, foi filiado ao Partido Comunista e participou de inúmeras mobilizações sindicais. Morando no Rio com a família, esteve preso várias vezes após abril de 1964, sendo recolhido à Vila Militar, Ilha das Flores, DOPS e Polícia do Exército. Teria ligações com Leonel Brizola e chegou a candidatar-se a deputado federal. Segundo informações dos órgãos de segurança, logo após a derrubada de João Goulart, Sá Roriz esteve vinculado a uma articulação subversiva de integrantes da Polop, desbaratada imediatamente, que foi divulgada pela imprensa como “guerrilha de Copacabana”. Por esse episódio, seria condenado pela Justiça Militar, em 27/11/1969, a cinco anos de reclusão, mesma pena imposta a Rui Mauro Marini e Luiz Alberto Moniz Bandeira, intelectuais brasileiros de expressão nacional.
Consta num documento do CENIMAR, datado de 06/02/1969, que informa sobre o furto de um fuzil do Exército por elementos “contra-Revolucionários”, uma referência ao nome de Sá Roriz, que teria um “aparelho” com João Lucas Alves, dirigente do COLINA que foi morto em março daquele ano, local onde foi aprendido material subversivo.
Em 1965, asilou-se na embaixada do México e seguiu para aquele país. Em 1968, sua filha Suely foi presa e levada à Polícia do Exército do Rio de Janeiro, por ter feito declarações à imprensa em defesa do pai. Sá Roriz retornou em 1969 ao Brasil, para rever o filho Eduardo Licarião Roriz, gravemente acometido de meningite. Ficou vivendo no Brasil, clandestinamente, até sua prisão e morte em 17/02/1973, acusado de estar vinculado à organização clandestina RAN – Resistência Armada Nacional.
Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio informam no livro Dos Filhos Deste Solo“No início de janeiro de 1973, Sá Roriz escapou por pouco à prisão no Rio. Em represália, os militares do centro de tortura da Barão de Mesquita invadiram a casa de sua mulher e filhos e tomou comorefém o jovem Eduardo, então com 18 anos. Levaram-no para o DOI-Codi, onde por três dias passou sede, fome, em cela onde a temperatura oscilava do frio intenso ao calor forte, tomou choques elétricos. Foi seqüestrado no dia 27 de janeiro”. Sá Roriz, ao saber que o filho ficaria preso até que ele próprio se apresentasse e preocupado com as ameaças feitas à sua família, se entregou ao marechal Cordeiro de Farias, sob cujo comando lutara na Itália, acreditando que assim garantia sua vida. No dia 30 de janeiro, Sá Roriz, acompanhado do marechal, foi ao gabinete do chefe do 1º Exército, Sizeno Sarmento, a quem se entregou em troca da liberdade do filho. Levado preso para o DOI-CODI, lá foi morto dezessete dias depois. Após muita pressão, a família conseguiu a liberação do corpo no Hospital Central do Exército. O atestado de óbito só foi assinado cinco meses depois, no dia 11/06/1973, e não apresenta causas para a morte por “depender de exames laboratoriais solicitados”. Foi enterrado no dia 18/02/1973, no Cemitério Jardim da Saudade. Não ficaram restabelecidas as reais circunstâncias da morte de Sá Roriz. Estando o pedido amparado nos quesitos da Lei nº 9.140/95, o relator na CEMDP encaminhou o deferimento, concluindo que Sá Roriz foi morto sob responsabilidade do Estado.

 

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